Apresentação

ACERCA DO BLOGUE

Blogue que expressa de forma séria, ou nem tanto quanto isso, opiniões e divagações de temas tão diversos como jogos, artes digitais, cinema, música, banda-desenhada, literatura, animação, entre outras coisas que possam eventualmente surgir na minha cabeça. O objectivo é, após reflectir um pouco sobre um assunto, dar a conhecer ao Mundo a minha opinião sobre o mesmo, podendo dessa forma transmitir os meus ideais e quem sabe vir a influenciar outros através da palavra.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Reflexões - "A geração que já viu tudo."

Eu ainda faço parte de uma geração que cresceu sem telemóveis, sem internet, sem TV por cabo, ou tantas tecnologias hoje em dia tão banais, que nos esquecemos que em tempos não existiam. Uma geração em que o acesso à informação, dependia da capacidade de se conseguir ou, não pesquisar o que queríamos através das enormes e pesadas enciclopédias que nessa altura as pessoas ainda tinham em casa.

Na altura, as pessoas andavam com estes telemóveis na rua. Estou apenas a brincar, mas imaginem o que seria se os telemóveis não tivessem passado disto. Tenho quase a certeza que as cabines telefónicas e as cartas ainda seriam bastante famosas.



Lembro-me, que quando andava no preparatório e havia um trabalho de grupo para fazer. Havia com sorte uma pessoa no memo que tinha computador, evitando assim ter de se fazer todo o o trabalho à mão. Lembro-me, que quando andava no preparatório e havia um trabalho de grupo para fazer. Havia com sorte uma pessoa no memo que tinha computador, evitando assim ter de se fazer todo o o trabalho à mão. Caso o trabalho exigisse alguma pesquisa, o que acontecia quase sempre. Tornava-se ainda mais difícil, encontrar alguém que tivesse o seu computador ligado à internet. Que caso existisse seria uma ligação dial-up de 56Kb/s, em que cada impulso contava e durante a qual não se podia receber nem fazer chamadas telefónicas. Nessa altura, os telemóveis eram extremamente raros e enormes.

Estando reunidas as condições, podíamos finalmente começar o trabalho. Entrávamos no Yahoo ou num motor de pesquisa semelhante, já que o Google ainda não existia e podíamos finalmente começar a nossa pesquisa. Alguns segundos para a página do yahoo abrir, outros tantos para devolver a pesquisa e se não fosse muito pesado cerca de um minuto para abrir o site pretendido. Isto claro, se esse fosse realmente o site pretendido, já que era difícil acertar num site útil à primeira. O objectivo era simples, tentar recolher o máximo de informações proveitosas, no menor espaço de tempo possível. Pois os impulsos estavam sempre a contar e uma distracção podia significar uma conta telefónica surreal.
Sim, o Windows tinha mesmo este aspecto...

Mas como eu já disse anteriormente, tudo isto acontecia se tivéssemos a sorte de estar num grupo, em que alguém tinha computador e ao mesmo tempo esse estava ligado à internet. Pois muitas das vezes, se não a maioria, tal pessoa não existia e víamo-nos obrigados a recorrer às velhas e maçadoras enciclopédias, passando todo o texto à lá pata, rezando para que o/a professor/a entendesse a letra.

Sei como é óbvio que existiram gerações bem piores do que eu, sem telefone, cinema, computadores,  ou até mesmo algo que é hoje tão básico com a eletricidade. Mas é engraçado ver como tanta coisa mudou, taõ depressa e eu me adaptei tão facilmente. É como se de certa forma, todas as novas mordomias em que eu vivo, sempre estivessem estado presentes e tenho a perfeita noção, que se tivesse de voltar a viver nas condições de antigamente, teria sérias dificuldades em adaptar-me. Não tendo quaisquer dúvidas, que seria mais dificil isso, que compreender uma nova tecnologia que venham a inventar.

Em principio, a informação que procurávamos estaria num destes livros. Caso contrário, teríamos de procurar na enciclopédia seguinte,
Mas se eu tive a vantagem de crescer a par dessa evolução, o que em certa medida me permitiu ver o “Mundo velho” e o “Mundo novo”. As novas gerações, já não tiveram a mesma sorte e digo sorte por um simples motivo. Tendo eles crescido numa era em que já existia toda esta dependência das tecnologias, em que o acesso à informação e às novidades é quase imediato. Eles simplesmente não sabem o que é viver sem nada disso. Uma das vantagens é que o nível de adaptabilidade e de aprendizagem deles é sem dúvida muito superior ao meu, basta ver que os meus sobrinhos ainda antes de entrarem para a escola, sem saberem ler nem escrever, conseguiam mexer facilmente num computador ou consola, bastando para isso terem visto um adulto a fazê-lo uma vez. Mas ao mesmo tempo, torna-se muito mais difícil surpreende-los e mantê-los interessados. O que obriga a toda uma reformulação da maneira de mostrar as coisas. Por exemplo. Um site na internet não pode ser enfadonho e cheio de informação, onde para se encontrar alguma coisa tem de se procurar imenso. Tem de ser dinâmico e apelativo, com as informações que possui visíveis e de fácil acesso. As publicidades não podem ser demoradas, têm de ser interessantes à partida ou correm o risco de nem sequer serem vistas até ao fim. A própria arte não pode ser igual. Eles têm dificuldades em ficar à espera a contemplar, por isso a arte têm de causar impacto imediato e chamar-lhes a atenção na hora. A prova de que tudo isso está a mudar é por exemplo o sistema de ensino que se vê forçado a arranjar novas formas de ensino. Eu recordo que as minhas aulas quando eu era criança baseavam-se na palestra do professor e eu tinha de tomar atenção. Hoje em dia é um ensino que tem obrigatoriamente de ser mais prático. Se fosse como antigamente, ao fim de cinco minutos ninguém estaria a prestar atenção ao professor, que por isso, tem de obrigar os alunos a fazerem coisas, a mantê-los interessados através da experimentação.

É uma geração, para a qual as novas tecnologias serão tão naturais, quanto respirar. O Mundo que se aproxima será para eles simples, prático e confortável. O que penso eu, poderá mesmo fazer com que a tecnologia avance muito mais depressa que aquilo que se prevê. Mas no entanto, temo que ao mesmo tempo, as novas gerações percam a capacidade de apreciar o Mundo por aquilo que ele é. Que deixem de ser capazes de observar e ver com atenção e que passem a ser, uma espécie de robôs que ingerem tudo aquilo que lhes é fornecido de forma voraz, sem serem capazes de o apreciar.

Sem comentários:

Enviar um comentário